domingo, 5 de janeiro de 2020

“Pancadão do Residencial” inferniza os moradores com paredão e vira área livre para sexo e consumo de drogas

Na entrada do Residencial todo final de semana tem reunião com paredão, sexo, droga e algazarra


Nos últimos seis meses do ano passado os moradores do Residencial Santos Dumont, principalmente das QRI 8 e QRC 2, foram vítimas do vandalismo sonoro e da baderna promovida por dezenas de jovens com seus carros equipados com poderosos sistemas de som que infernizaram as madrugadas nos finais de semana e transformaram o espaço verde próximo a cerca na avenida Santos Dumont, no início do conjunto, em área de show musical já conhecida na região como o “Pancadão do Residencial”, muito semelhante aos “bailes funk” realizados nas comunidades paulistanas e cariocas. 
A área verde utilizada para o "Pancadão do Residencial

Segundo testemunho de moradores, a baderna começa geralmente entre meia noite e uma hora da madrugada quando começa a concentração de carros e a reunião dos jovens e se estende até o sol nascer. O som alto produzido pelos equipamentos instalados nos carros é o maior problema porque interfere diretamente no descanso das famílias moradoras próximas ao “Pancadão do Residencial” tornando impossível falar ao telefone, ver televisão, conversar, dormir ou qualquer outra atividade doméstica que necessite de um pouco de silêncio, prejudicando, principalmente os bebês e as crianças menores.
As laterais das casas usadas como banheiro e motel

Na esteira do “Pancadão do Residencial” há, ainda, jovens de diversas idades consumindo bebidas alcoólicas, algazarra com gritaria e troca de palavrões e até brigas entre eles. As laterais das casas são transformadas em banheiros e locais para a prática de sexo entre os jovens.  Também corre solto, segundo informações colhidas pelo portal 14Bis, o tráfego e consumo de droga de todo tipo com total liberdade. O “Pancadão do Residencial” atrai jovens de toda a região circunvizinha a Santa Maria e vem se consolidando como alternativa para os finais de semana.

“Quando chega o final de semana já começo a ficar estressada só pensando na madrugada e na baderna que terei que enfrentar dentro da minha casa com meus filhos e meu marido sem podermos conversar, ver televisão, dormir ou mesmo falar ao telefone. É muito ruim viver refém de uma coisa como essa que nos tira a paz e a tranquilidade. O pior é que ninguém faz nada e tudo continua com a tortura nos fins de semana”, comenta uma dona de casa que pediu sigilo do seu nome para não sofrer retaliações por parte dos participantes do “Pancadão do Residencial”.
O local do inferno da baderna nos finais de semana

Outro que se diz indignado e revoltado com a concentração de jovens no final de semana é o aposentado de 63 anos que também pediu para não ser identificado pelo mesmo motivo da dona de casa. “Não tem cabimento nós morarmos num lugar tão tranquilo como o Residencial, onde compramos nossa casa e construímos nosso patrimônio e, agora, vem essa bagunça todo final de semana atormentar todos nós. Isso tem que acabar. A polícia precisa proibir esse tipo de evento aqui no Residencial”, argumenta indignado.

Todos os moradores ouvidos pela equipe do portal 14Bis foram unanimes em afirmar que a “situação é desesperadora” porque não encontram uma solução para o problema e pela ausência da polícia para coibir a realização do “Pancadão do Residencial”. Eles dizem que durante a baderna dos jovens na área verde ligam para o 190 e não são atendidos e que as tentativas de pedir socorro para a Polícia Militar são inúteis e isso, a omissão dos órgãos públicos, garantem a impunidade dos participantes e continuidade do evento que fere a lei do silêncio e outras posturas sociais e criminais. 
Moradores impotentes para impedir a baderna

“O que nos deixa apreensivos e com medo é a possibilidade real de que esse tipo de festa se transforme numa “cracolândia” atraindo para a nossa comunidade todo tipo de pessoa e colocando em risco nossa já frágil segurança, comprometendo nossa família e o nosso patrimônio. Quem vai querer vir morar aqui, comprar um imóvel com uma “cracolândia” do lado?” pergunta outra moradora que segue na mesma linha de não se identificar para evitar problemas futuros.

Segundo informações, essa reunião dos jovens acontecia no estacionamento do Posto de Combustível na saída do Residencial em direção a Santa Maria. Saiu de lá e instalou-se no interior do conjunto e cresceu em número de participantes. Hoje é o “point” de jovens de todas as cidades ao redor de Santa Maria: Valparaiso, Cidade Ocidental, Novo Gama, Pedregal, Gama, entre outras. 

A Prefeitura Comunitária do Residencial Santa Maria recebeu uma denúncia sobre o “Pancadão do Residencial” e acionou a diretora de Segurança, Devanir Rodrigues, para entrar em contato com o Comandante da Política Militar do DF na Unidade de Santa Maria e formalizar o pedido da comunidade para proibir a realização do evento nas dependências do Residencial. O encontro foi prejudicado porque o comandante da PM em Santa Maria está em período de férias. A Prefeitura Comunitária deverá encaminhar a Polícia Militar do Distrito Federal um ofício solicitando providências a respeito do “Pancadão do Residencial”.

Para alívio dos moradores, a chuva que cai nos últimos dias em Brasília tem impedido a realização do “Pancadão do Residencial” nesse início de 2020. “A chuva está fazendo o papel da polícia”, ironiza uma das entrevistadas.