(Marcus de Carvalho - jornalista)
O controle administrativo do Residencial Santos Dumont está
promovendo uma guerra silenciosa entre dois grupos rivais que disputam a representação
da comunidade, onde mais de 10 mil e quinhentos habitantes vivem num complexo
urbano com 2.500 residências (casas e apartamentos) escola, três centros
comerciais, dezenas de igrejas, Clube Recreativo, Centro Cultural e diversos equipamentos
comunitários, além de generosas áreas verdes.
Inaugurado em 1996 como conjunto habitacional para abrigar
os funcionários do Ministério da Aeronáutica, transformou-se, anos depois, em um
condomínio residencial de classe média com uma população mesclada entre
militares e civis. Hoje, 23 anos depois, é palco de uma desavença comunitária e
acumula um histórico pouco confortável do ponto de vista financeiro sobre seu
patrimônio imobiliário cujo valor em dívidas com IPTU, por exemplo, é
astronômico e salta a casa das dezenas de milhares de reais.
A disputa pelo controle administrativo da comunidade envolve
a atual entidade gestora: o Condomínio Residencial Santos Dumont; e uma
entidade em fase de criação cuja formatação traz em seu escopo uma Prefeitura Comunitária.
De acordo com informações obtidas pelo portal “14 Bis”, o gerenciamento do
complexo habitacional foi entregue pelo Ministério da Aeronáutica ao Condomínio
por ser a única e legalizada entidade existente no lugar.
A provável Prefeitura Comunitária em fase de constituição é
fruto da articulação de um grupo de moradores descontentes com a ações do Condomínio,
e pretende, segundo informações, brigar na Justiça para assumir o comando do
Residencial Santos Dumont destituindo o Condomínio de suas funções como
entidade representativa da comunidade. A ideia inicial dos articuladores da Prefeitura
Comunitária era a criação de uma Associação de Moradores que foi descartada
pela “fragilidade” de entidades desse gênero, surgindo, então, a alternativa da
Prefeitura Comunitária, cujo poder, segundo ainda as informações obtidas pelo
portal “14 Bis”, são mais abrangentes e com maior densidade política junto aos
órgãos públicos.
Clube Recreativo do Residencial |
Embora o portal “14Bis” tenha mantido contato com ambos os
representantes das duas entidades e esclarecido a intenção de entrevista-los
para uma reportagem sobre a comunidade e a disputa entre os dois grupos, nem o
síndico Cleiber Sipoli da Silva, dirigente do Condomínio Residencial Santos
Dumont, nem o líder comunitário Paulo Júnior, representante de uma tal Associação Nacional de Líderes Comunitário (ANALC), se dispuseram a falar para o portal, mesmo sendo cordiais
durante o contato da ligação de celular.
O Centro Cultural - fechado para reformas |
O que se sabe por meio de comentários que circulam na
comunidade são críticas pontuais a atual gestão do residencial e descrédito com
relação a formação de uma nova entidade para assumir o lugar do Condomínio. De
acordo com as informações, pesa contra o Condomínio queixas pela falta de transparência
nas atividades realizadas pela entidade, principalmente com relação a questão
financeira; centralização de poder; falta de ações para melhorar a segurança no
lugar; abandono da comunidade; entre outras reclamações.
Já com relação a futura Prefeitura Comunitária, não se tem a
exata noção do que e de como será a entidade. Como ela atuará junto aos
moradores e quais os projetos que a entidade colocará em prática para melhorar
a qualidade de vida no Residencial Santos Dumont. Não se sabe, por exemplo, se
a futura Prefeitura Comunitária será composta por dirigentes eleitos pelo voto secreto
de todos os moradores ou se será um “apêndice” da Administração Regional de
Santa Maria com seu “prefeito” escolhido pelo administrador indicado por um
político local com aval do governador do Distrito Federal.
Obras da Administração de Santa Maria
no residencial nos
primeiros sete meses de 2019
Nos primeiros sete meses deste ano, a Administração Regional
de Santa Maria, responsável pela área do Residencial Santos Dumont, realizou na
comunidade cinco ações com o carimbo da atual gestão da Regional, segundo sua
Assessoria de Comunicação.
Postadas em sua página no Facebook, as ações enumeradas
pela ASCOM se resumem em: roçagem e limpeza da área interna do Centro de Ensino
Fundamental Santos Dumont; podas na avenida principal do residencial; tapa
buraco nas vias da comunidade; pinturas de meio fio; e desobstrução de bocas de
lobo.