sábado, 17 de agosto de 2019

Disputa pelo controle administrativo do Santos Dumont cria grupos comunitários rivais e divide a comunidade

(Marcus de Carvalho - jornalista)

O controle administrativo do Residencial Santos Dumont está promovendo uma guerra silenciosa entre dois grupos rivais que disputam a representação da comunidade, onde mais de 10 mil e quinhentos habitantes vivem num complexo urbano com 2.500 residências (casas e apartamentos) escola, três centros comerciais, dezenas de igrejas, Clube Recreativo, Centro Cultural e diversos equipamentos comunitários, além de generosas áreas verdes.

Inaugurado em 1996 como conjunto habitacional para abrigar os funcionários do Ministério da Aeronáutica, transformou-se, anos depois, em um condomínio residencial de classe média com uma população mesclada entre militares e civis. Hoje, 23 anos depois, é palco de uma desavença comunitária e acumula um histórico pouco confortável do ponto de vista financeiro sobre seu patrimônio imobiliário cujo valor em dívidas com IPTU, por exemplo, é astronômico e salta a casa das dezenas de milhares de reais.

A disputa pelo controle administrativo da comunidade envolve a atual entidade gestora: o Condomínio Residencial Santos Dumont; e uma entidade em fase de criação cuja formatação traz em seu escopo uma Prefeitura Comunitária. De acordo com informações obtidas pelo portal “14 Bis”, o gerenciamento do complexo habitacional foi entregue pelo Ministério da Aeronáutica ao Condomínio por ser a única e legalizada entidade existente no lugar.

A provável Prefeitura Comunitária em fase de constituição é fruto da articulação de um grupo de moradores descontentes com a ações do Condomínio, e pretende, segundo informações, brigar na Justiça para assumir o comando do Residencial Santos Dumont destituindo o Condomínio de suas funções como entidade representativa da comunidade. A ideia inicial dos articuladores da Prefeitura Comunitária era a criação de uma Associação de Moradores que foi descartada pela “fragilidade” de entidades desse gênero, surgindo, então, a alternativa da Prefeitura Comunitária, cujo poder, segundo ainda as informações obtidas pelo portal “14 Bis”, são mais abrangentes e com maior densidade política junto aos órgãos públicos.

Clube Recreativo do Residencial
Embora o portal “14Bis” tenha mantido contato com ambos os representantes das duas entidades e esclarecido a intenção de entrevista-los para uma reportagem sobre a comunidade e a disputa entre os dois grupos, nem o síndico Cleiber Sipoli da Silva, dirigente do Condomínio Residencial Santos Dumont, nem o líder comunitário Paulo Júnior, representante de uma tal Associação Nacional de Líderes Comunitário (ANALC), se dispuseram a falar para o portal, mesmo sendo cordiais durante o contato da ligação de celular.

O Centro Cultural - fechado para reformas
O que se sabe por meio de comentários que circulam na comunidade são críticas pontuais a atual gestão do residencial e descrédito com relação a formação de uma nova entidade para assumir o lugar do Condomínio. De acordo com as informações, pesa contra o Condomínio queixas pela falta de transparência nas atividades realizadas pela entidade, principalmente com relação a questão financeira; centralização de poder; falta de ações para melhorar a segurança no lugar; abandono da comunidade; entre outras reclamações.

Já com relação a futura Prefeitura Comunitária, não se tem a exata noção do que e de como será a entidade. Como ela atuará junto aos moradores e quais os projetos que a entidade colocará em prática para melhorar a qualidade de vida no Residencial Santos Dumont. Não se sabe, por exemplo, se a futura Prefeitura Comunitária será composta por dirigentes eleitos pelo voto secreto de todos os moradores ou se será um “apêndice” da Administração Regional de Santa Maria com seu “prefeito” escolhido pelo administrador indicado por um político local com aval do governador do Distrito Federal.


Obras da Administração de Santa Maria 
no residencial nos primeiros sete meses de 2019

Nos primeiros sete meses deste ano, a Administração Regional de Santa Maria, responsável pela área do Residencial Santos Dumont, realizou na comunidade cinco ações com o carimbo da atual gestão da Regional, segundo sua Assessoria de Comunicação.

Postadas em sua página no Facebook, as ações enumeradas pela ASCOM se resumem em: roçagem e limpeza da área interna do Centro de Ensino Fundamental Santos Dumont; podas na avenida principal do residencial; tapa buraco nas vias da comunidade; pinturas de meio fio; e desobstrução de bocas de lobo.